Sobre a destrutividade nas relações amorosas : contribuições psicanalíticas de Freud e de Winnicott
Resumo
Resumo: O presente trabalho se originou no âmbito da prática clínica psicanalítica, na qual observou-se a presença de uma parcela de agressividade/destrutividade nas relações amorosas, como também nas demais relações interpessoais estabelecidas pelos pacientes. Formulou-se como tema de pesquisa a ser investigado, a destrutividade nas relações amorosas e interpessoais por meio de duas diretrizes: a) a origem da destrutividade no aparelho psíquico e, b) a dinâmica da destrutividade nas relações amorosas/interpessoais. Para tal, recorreu-se às teorias de Freud e de Winnicott, desenvolvendo uma pesquisa conceitual, na qual foi promovido um retorno aos textos de cada um dos autores e deles extraiu-se um saber singular sobre a questão investigada. O primeiro capítulo tomou a teoria freudiana como base. Abordou-se o tema da melancolia e destacou-se o processo de identificação entre Ego e Objeto que permite compreender de que modo Ego e Objeto podem ser atacados de forma agressiva mutuamente, quando sustentados pela identificação narcísica. A questão da identificação narcísica remeteu ao período do narcisismo, no qual as primeiras fronteiras egóicas estão sendo construídas. O estudo desenvolvido sobre esse período de construção do Ego encaminhou a investigação para a ambivalência primitiva amor/ódio, que permite que o Ego se identifique e se diferencie do objeto. Observou-se, então, a necessidade de promover um estudo sobre a dualidade pulsional. O movimento dualista das pulsões, capazes de promover agregação e desagregação do Ego, ao tratar da dinâmica sadismo/masoquismo, revelou a face destrutiva inerente às pulsões e colocou em destaque a pulsão de morte. Desse modo, a investigação efetuada se aproximou de períodos cada vez mais primitivos da construção da subjetividade, encontrando recursos na teoria de Winnicott para prosseguir. No segundo capítulo da dissertação, privilegiou-se o tema da agressividade, na perspectiva winnicottiana, elucidando que nas raízes da agressividade está a base da construção do Ego e das relações objetais. A agressividade entendida como atividade em sua origem, pode desdobrar-se de modo construtivo e destrutivo em uma sensível consonância com a alteridade materna, que sustenta essa operação primitiva. Destacou-se a importância fundamental da sobrevivência do objeto para a emergência do Ego e das relações objetais. No terceiro capítulo, realizou-se algumas conjecturas teórico-clínicas, articulando os conceitos previamente elencados nas teorias de Freud e Winnicott a partir de três eixos de tematização: a) Identificação narcísica e Cuidados maternos; b) Processo de diferenciação Ego/objeto: Ambivalência e Agressividade; c) Dinâmica pulsional e Modulações da agressividade. Revelou-se que originariamente amor e agressividade podem ser modulações de uma mesma força que perpassa a construção da subjetividade e das relações objetais, sendo necessária para construir os vínculos entre Ego e objetos amorosos assim como para deles se desvincular e singularizar. Assim, evidenciou-se uma face positiva na agressividade/destrutividade que culminou no ponto de chegada dessa dissertação. Na parte final do capítulo promoveu-se um retorno à questão clínica que deu origem à pesquisa, destacando que o analista, na relação transferencial, ocupa um lugar de objeto a ser investido libidinalmente pelo paciente, ou seja, a ele serão endereçados conteúdos amorosos e destrutivos. Desse modo, a face positiva da destrutividade pode ser incluída como possibilidade de abertura para o trabalho analítico, caso o analista possa sobreviver, pois, assim como a sobrevivência do objeto é capital para a emergência do Ego, a sobrevivência do analista é fundamental para a emergência do campo clínico. Palavras Chaves: agressividade, destrutividade, relações amorosas, Freud, Winnicott. Abstract: This research originated in the context of psychoanalytic clinical practice, in which it was observed the presence of a portion of aggressiveness/destructiveness in romantic relationships, but also in other interpersonal relations established by patients. Formulated as a research topic to be investigated, the destructiveness in romantic relationships and interpersonal through two guidelines: a) the origin of the psychic apparatus and destructiveness, b) the dynamics of destructiveness in romantic relationships/interpersonal. To this end, resorted theories of Freud and Winnicott, developing a conceptual search, in which he was promoted a return to the texts of each of the authors and of them drew a knowing singular on the issue investigated. The first chapter took the Freudian theory as a basis. Addressed the theme of melancholy and stood out the identification process between Ego and object that allows you to understand how Ego and Object can be attacked aggressively mutually, when sustained by narcissistic identification. The question of narcissistic identification referred to the period of narcissism, in which the first egoic borders are being built. The study developed over this period of construction of the Ego referred the investigation to the ambivalence primitive love/hate, which allows the Ego to identify and differentiate the object. There was, then, the need to promote a study on the duality pulsional. The dualistic movement of impulses, able to promote aggregation and disaggregation of the Ego, when dealing with the dynamics sadism/masochism, revealed the face inherent destructive impulses and put in the spotlight the death drive. Thus, the investigation performed approached increasingly primitive periods of construction of subjectivity, finding resources on the theory of Winnicott to proceed. In the second chapter of the dissertation, focused on the theme of aggression, from the perspective winnicottiana, clarifying that the roots of aggressiveness is the base of the construction of the Ego and objetais relations. The aggressiveness is understood as activity in its origin, can unfold so constructive and destructive in a sensitive line with the otherness that sustains this maternal primitive operation. Highlighted the fundamental importance of the survival of the object to the emergence of the Ego and objetais relations. In the third chapter, held some theoretical conjectures-clinics, articulating the concepts previously listed on the theories of Freud and Winnicott from three axes of thematization: a) Narcissistic Identification and maternal care; b) Process of differentiation Ego/object: Ambivalence and Aggressiveness; c) Drive and Dynamic Modulations of aggressiveness. It turned out that originally love and aggression can be the same modulations force that pervades the construction of subjectivity and objetais relations, being required to build the links between Ego and love as well as for objects of them Unbind and distinguishes. So, it was a positive face on aggressiveness/destructiveness which culminated in the arrival point of this dissertation. At the end of chapter promoted a return to clinical issue that gave rise to the survey, noting that the transferential relationship analyst, occupies a place of object to be invested by libidinalmente patient, for he will be loving and destructive contente addressed. Thereby, the positive face of destructiveness can be included as a possibility of opening for the analytical work, if the analyst is to survive, because, as well as the survival of the object is capital for the emergence of the Ego, the survival of the analyst is critical to the emergence of the clinical field. Keywords: aggressiveness, destructiveness, romantic relationships, Freud, Winnicott.
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